14 de fevereiro de 2012

Sem correção

É mais ou menos assim
Uma menina nasceu numa pequena cidade, aquelas típicas de interior. Lá todos se conheciam. Ao menos superficialmente. Tudo era seguro, os muros eram baixos.
A menina amadureceu rapidamente devido a várias pedras que surgiram em seu caminho. Mas, mesmo assim, crescendo, continuou sonhadora. Sempre teve vontade de conhecer o mar.
Se banhava feliz em um rio. No entanto, imaginava um dia sentir o gosto da água salgada, o balanço das ondas, diferente do inerte e previsível rio, e o cheiro, há o cheiro... deveria ser de felicidade.
Um certo dia - agora a menina já se tornara uma mulher- como em conto de fadas, ela reencontra um velho amigo, que a muitos anos não se viam. Ele havia saído da cidade. Que grata surpresa tiveram os dois com o resgate de tantas boas lembranças de outrora. Mas, o principal motivo para que o destino tivesse promovido esse encontro era o que estava por vim. O velho amigo, lhe falava do mar. O mar que a menina-mulher tanto tinha vontade de viver. E fizeram planos para conhece-lo. Ela imaginava como seria viver essa experiência que tanto sonhou a vida toda. Os dois viajavam na imaginação. E ela já tinha uma mala cheinha de expectativas. Melhor dizer, de certezas.
E o dia finalmente chegou! Imaginem o tanto de alegria que nem cabia nela. Partiram para a cidade litorânea. A viagem não podia ter sido melhor. A companhia que um era para o outro tinha sabor de jambo roxo no mês de Janeiro. Ela estava ansiosa do que estava por vim, por ver e sentir.
Finalmente chegaram a praia. Foi a visão da imensidão, do infinito. Era tudo que ela sempre imaginou. Ele parecia feliz.
Depois de olharem juntos a beleza da dança das ondas, de ouvirem a música que elas ao arrebentarem e junto com o som do vento tocavam e sentirem o cheiro da tal felicidade que vinha do mar, era hora de se lançar na água morna, como para que se encher de tudo aquilo. Subitamente, ele, que nesse momento passou a ser menino aos olhos dela (também isso não podia ser, ela ficou muito confusa), resolveu que iria levá-la de volta. Que ali, diante do mar, nem mais um passo ela daria senão de volta para casa. Argumentou ele, que não havia se dado conta do perigo que o mar oferece. Que tal risco não deveriam correr. Questionado muitas vezes por ela, que pedia apenas para molhar os pés, ao menos isso, ele se reservou o direito de falar que apenas mudou de ideia. De volta para casa, a mulher, se viu desfeita. Agora se sentia como criança que sequer tinha um sonho para acalentar e continuar sendo meio feliz. O rio que se banhava estava ali, exatamente como era antes, mas para ela, ele tinha ficado tão pequeno e tão seco que não podia mais para ele olhar sem chorar.
Luiza Roberta Dias

Um comentário:

liliana miranda disse...

Ainda bem que voltou, aliás de onde nunca devia ter saído. Parabéns e não saia mais e nos deixe só. beijos